Polonês: Um Guia Claro para uma Importante Língua Eslava
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Introdução
O polonês (polski) é uma importante língua eslava ocidental falada principalmente na Polônia e por milhões na diáspora em todo o mundo. Pertence ao subgrupo lechítico das línguas eslavas e é escrito com um alfabeto baseado no latim, enriquecido com vários caracteres diacríticos únicos. Com aproximadamente 40 milhões de falantes nativos e um total estimado de 60 milhões de falantes, incluindo usuários de segunda língua, o polonês desempenha um papel significativo na Europa Central e Oriental e serve como uma das 24 línguas oficiais da União Europeia.
Para estudantes e linguistas, o polonês oferece uma janela fascinante para os sistemas linguísticos eslavos e a história da Europa Central. Sua morfologia complexa e rico inventário fonológico fazem dele um assunto atraente para o estudo linguístico comparativo.
Classificação Linguística
Dentro da família das línguas indo-europeias, o polonês ocupa uma posição específica e bem definida. Ele pertence ao ramo balto-eslavo e se enquadra no grupo eslavo, especificamente no ramo eslavo ocidental e no subgrupo lechítico. Seus parentes linguísticos mais próximos são o tcheco, o eslovaco e a agora extinta língua polabiana—línguas com as quais compartilha não apenas semelhanças estruturais, mas também uma trajetória histórica comum.
Principais semelhanças estruturais com línguas relacionadas incluem:
- Morfologia flexional complexa com sistemas de casos extensivos
- Sistemas verbais aspectuais ricos que distinguem ações perfectivas e imperfectivas
- Fonemas consonantais palatalizados
- Vocabulário etimológico compartilhado do Proto-Slavo
Esta classificação considera tanto a estrutura sincrônica (contemporânea) quanto o desenvolvimento diacrônico (histórico) da língua.
Evolução Histórica
Raízes Proto-Slavas
O polonês descende do Proto-Slavo, o ancestral comum reconstruído de todas as línguas eslavas. Os primeiros eslavos habitavam a Europa Oriental por volta dos séculos V–VI d.C., expandindo gradualmente sua esfera territorial e linguística. Ao longo dos séculos, sua fala relativamente unificada fragmentou-se nos três principais ramos que reconhecemos hoje: Eslavo Ocidental, Eslavo Oriental e Eslavo Meridional. Esta diversificação reflete tanto a separação geográfica quanto o contato sustentado com grupos linguísticos vizinhos.
Polonês Antigo e Médio
O polonês emergiu como uma língua distinta e reconhecível no século X, coincidindo com a formação do estado polonês sob a dinastia Piast. O período do Polonês Antigo (séculos X–XVI) foi caracterizado por dialetos regionais com padronização limitada, apesar da crescente influência da Igreja e da alfabetização.
Marco importante: A frase polonesa mais antiga conhecida—Day, ut ia pobrusa, a ti poziwai (“Venha, deixe-me moer, e você descanse”)—aparece no Livro de Henryków, datado de aproximadamente 1280. Esta preciosa evidência documental revela as características fonológicas e morfológicas da língua em um estágio crucial de seu desenvolvimento.
O período do Polonês Médio (séculos XVI–XVIII) coincidiu com o Renascimento e a “Era de Ouro” da literatura e cultura polonesa. Durante essa era, a ortografia e a gramática passaram por uma codificação sistemática, e o polonês serviu como língua franca em toda a Comunidade Polaco-Lituana—uma entidade política multilíngue que abrangia grande parte da Europa Oriental.
Realizações literárias notáveis deste período incluem:
- A poesia de Jan Kochanowski, estabelecendo o polonês como uma língua de alta literatura
- Textos religiosos e traduções bíblicas que padronizaram a terminologia religiosa
- Tratados gramaticais que formalizaram regras para falantes educados
Padronização e Polonês Moderno
A padronização acelerou dramaticamente no século XVI, culminando em uma forma escrita amplamente adotada baseada principalmente no dialeto da Grande Polônia, que possuía prestígio significativo e centralidade geográfica. Este processo de padronização foi gradual e contestado, refletindo questões mais amplas sobre qual variedade regional deveria representar o “padrão”.
Após a Segunda Guerra Mundial, o Polonês Padrão (język ogólnopolski) tornou-se a variedade falada dominante em todo o país, promovido através da educação, mídia e instituições culturais. Este processo levou ao declínio gradual de muitos dialetos locais, embora características regionais persistam na fala cotidiana, particularmente em áreas rurais e entre gerações mais velhas.
Esforços contemporâneos de padronização continuam através de instituições como o Conselho da Língua Polonesa (Rada Języka Polskiego), que emite recomendações sobre uso e registra novo vocabulário, particularmente empréstimos e terminologia técnica.
Fonologia e Ortografia
Alfabeto e Diacríticos
O polonês emprega um alfabeto de 32 letras derivado do script latino, expandido e modificado para sons eslavos. Nove letras apresentam diacríticos que alteram fundamentalmente a pronúncia e carregam significado fonêmico:
| Letra | Função | Exemplo |
|---|---|---|
| ą, ę | Vogais nasais | mąka (farinha), gęsty (denso) |
| ć, ń, ś, ź | Consoantes palatais (suaves) | ciało (corpo), siła (força) |
| ł | Som de “L” escuro (velarizado) | łąka (prado) |
| ó | Mudança vocálica histórica | stół (mesa) — pronunciado como ‘u’ |
As letras Q, V e X não aparecem em palavras nativas polonesas, aparecendo apenas em palavras emprestadas de outras línguas. Esses diacríticos preservam distinções fonêmicas que são cruciais para o significado: por exemplo, s (duro) versus ś (suave) representam consoantes completamente diferentes.
Inventário de Vogais e Consoantes
Vogais: O polonês possui seis vogais orais (a, e, i, o, u, y) e duas vogais nasais (ą, ę). A língua não possui vogais fonologicamente longas, e a redução vocálica é mínima — as vogais átonas mantêm sua qualidade, contribuindo para a clara pronúncia da língua.
Consoantes: O sistema consonantal apresenta um grande inventário de consoantes palatais (suaves), produzidas com o meio da língua levantado em direção ao palato. Estas incluem tanto letras únicas (ć, ń, ś, ź) quanto dígrafos/trígrafos: cz (africada), sz (fricativa), rz (fricativa), dz, dź e dżw. O inglês não possui equivalentes precisos para muitos desses sons, tornando-os desafiadores para falantes nativos de inglês.
Agrupamentos consonantais comuns: O polonês permite agrupamentos consonantais complexos tanto no início quanto no final das sílabas — skręt (“virada”), trzask (“estrondo”), pstrąg (“truta”) — que contribuem para seu som distinto, mas frequentemente desafiam os aprendizes.
Ênfase e Prosódia
O estresse em polonês é fixado predominantemente na penúltima (segunda para última) sílaba de cada palavra, uma característica que o distingue de muitas outras línguas europeias. Essa regularidade torna o polonês relativamente previsível em relação à colocação do estresse.
Exceções incluem:
- Certas formas verbais, particularmente imperativos e formas do passado
- Muitos empréstimos do francês, alemão e inglês, que mantêm seus padrões de estresse originais (kOMputER, inTERnet)
- Verbos prefixados, onde o estresse às vezes muda com base no aspecto ou humor
O polonês tem um ritmo cronometrado por sílabas, no qual cada sílaba recebe aproximadamente o mesmo peso temporal, em vez do ritmo cronometrado por estresse do inglês. Isso contribui para a cadência característica da fala polonesa e é frequentemente perceptível para falantes de inglês.
Morfologia e Gramática
Morfologia Nominal: Casos, Gênero e Número
Os substantivos, pronomes e adjetivos poloneses flexionam para sete casos gramaticais, cada um marcando uma relação sintática e semântica diferente:
- Nominativo — sujeito da frase
- Genitivo — posse, negação, partitivo
- Dativo — objeto indireto, beneficiário
- Acusativo — objeto direto, direção para
- Instrumental — agente, meio, acompanhamento
- Locativo — localização, referência temporal
- Vocativo — endereço direto
Cada caso tem formas singulares e plurais distintas. Além disso, os substantivos são atribuídos a um dos três gêneros gramaticais: masculino, feminino ou neutro. Esses gêneros nem sempre são semanticamente previsíveis e devem ser aprendidos com cada substantivo.
Exemplo: O substantivo kot (“gato”, masculino)
| Caso | Singular | Plural |
|---|---|---|
| Nominativo | kot | koty |
| Genitivo | kota | kotów |
| Dativo | kotu | kotom |
| Acusativo | kota | koty |
| Instrumental | kotem | kotami |
| Locativo | kocie | kotach |
| Vocativo | kocie | koty |
Concordância de adjetivos: Os adjetivos devem concordar com seus substantivos em caso, número e gênero simultaneamente. Por exemplo, “o gato bonito” requer que o adjetivo piękny corresponda à forma nominativa singular masculina de kot: piękny kot. Mude o caso, e o adjetivo muda: pięknego kota (acusativo), pięknym kotem (instrumental).
Distinção especial masculina: O polonês distingue entre plural masculino pessoal (referindo-se a grupos que incluem pelo menos um homem ou menino) e plural masculino não pessoal (objetos inanimados ou grupos de mulheres/meninas). Essa distinção afeta não apenas os adjetivos, mas também a concordância verbal: oni są (“eles são”—masculino pessoal) versus one są (plural não masculino).
Sistema Verbal: Aspecto e Tempo
O aspecto é a característica mais distintiva dos verbos poloneses, muito mais central do que em inglês. Cada verbo polonês existe em dois aspectos: imperfeito e perfeito, sinalizando perspectivas fundamentalmente diferentes sobre uma ação.
Verbos imperfeitos descrevem ações como contínuas, repetidas ou incompletas. Eles conjugam para três tempos:
- Presente: czytam (eu leio/estou lendo)
- Passado: czytałem (eu estava lendo/li repetidamente)
- Futuro (composto): będę czytać (eu estarei lendo)
Verbos perfeitos descrevem ações como concluídas ou delimitadas no tempo. Eles conjugam para:
- Passado: przeczytałem (eu li/terminei de ler)
- Futuro (simples): przeczytam (eu lerei e terminarei)
Note o prefixo prze- na forma perfeita, exemplificando como a prefixação frequentemente marca o aspecto perfeito.
Modo e concordância: Os verbos poloneses também distinguem três modos:
- Indicativo — declarações e perguntas
- Condicional — situações hipotéticas (bym + forma do passado)
- Imperativo — comandos
No tempo passado, os verbos conjugam para gênero e número: czytałem (eu li—masculino), czytałam (eu li—feminino), czytaliśmy (nós lemos—plural masculino pessoal), czytały (eles leram—plural não pessoal).
Sintaxe e Ordem das Palavras
Embora a ordem das palavras não marcada (neutra) seja SVO (Sujeito–Verbo–Objeto)—Jan widzi psa (“Jan vê o cachorro”)—a sintaxe polonesa é altamente flexível devido ao seu rico sistema de casos. A mesma frase pode ser rearranjada sem criar ambiguidade:
- Psa widzi Jan — o cachorro vê Jan (significado diferente, mas claro pelos casos)
- Widzi Jan psa — Jan vê o cachorro (ligeiramente incomum, mas compreensível)
- Widzi psa Jan — vê o cachorro Jan (muito marcada, mas gramatical)
Essa flexibilidade serve à estrutura da informação: os falantes usam a ordem das palavras para destacar o tópico (o que está sendo discutido) e o foco (informação nova ou enfatizada). Na fala e escrita formal, SVO predomina; na fala informal, aparece mais variação.
Característica especial da negação: A negação frequentemente aciona o caso genitivo para objetos diretos em vez do acusativo esperado:
- Positivo: Widzę psa (Eu vejo o cachorro—acusativo)
- Negativo: Nie widzę psa (Eu não vejo o cachorro—genitivo)
Essa mudança de caso acionada pela negação é uma marca da gramática polonesa.
Léxico e Empréstimos
Vocabulário Básico Eslavo
O polonês mantém um corpo substancial de léxico eslavo herdado, proporcionando uma base de inteligibilidade mútua com outras línguas eslavas ocidentais. Esses itens de vocabulário básico descendem do proto-eslavo e refletem as raízes antigas da língua:
- dom (“casa”) — cognato com o tcheco dům, eslovaco dom
- matka (“mãe”) — cognato com o tcheco matka, russo мать (mat’)
- czas (“tempo”) — cognato com o tcheco čas, eslovaco čas
- woda (“água”) — cognato com o tcheco voda, russo вода (voda)
Esses cognatos compartilhados facilitam alguma compreensão mútua entre os falantes de línguas eslavas e revelam a ancestralidade comum das línguas eslavas modernas.
Estratos de Empréstimos e Integração
Os empréstimos constituem aproximadamente 26,2% do vocabulário polonês, refletindo séculos de contato com culturas vizinhas e distantes.
Fontes históricas de empréstimos:
| Fonte | Período | Exemplos | Contribuição |
|---|---|---|---|
| Latim | Medieval–Renascimento | uniwersytet (universidade), kościół (igreja) | Termos legais, religiosos, acadêmicos |
| Alemão | Séculos de contato | szlafrok (roupão), piec (fogão) | Palavras do cotidiano e técnicas |
| Francês | Séculos 17–19 | randka (encontro, de rendez-vous), bilet (bilhete) | Vocabulário cultural e social |
| Inglês | Séculos 20–21 | komputer (computador), internet, weekend | Tecnologia e estilo de vida contemporâneo |
| Italiano | Período de comércio | fortuna (fortuna), opera | Termos culturais e comerciais |
Processo de assimilação: O polonês não transplanta meramente palavras estrangeiras sem alterações. Em vez disso, adapta-as sistematicamente aos padrões fonológicos e morfológicos poloneses:
- Inglês coffee → Polonês kawa (totalmente assimilado)
- Inglês computer → Polonês komputer (adaptado fonologicamente)
- Francês rendez-vous → Polonês randka (mudança semântica e adaptação morfológica)
Os empréstimos recebem terminações de flexão polonesas, permitindo que funcionem plenamente dentro da gramática: komputer torna-se komputera (genitivo), komputerem (instrumental), etc.
Estratégias de Formação de Palavras
O polonês exibe uma morfologia derivacional altamente produtiva, permitindo que os falantes gerem novas palavras sistematicamente:
Diminutivos: dom (casa) → domek (casinha), domeczek (casinha pequena); kot (gato) → koteczek (gatinho)
Aumentativos: dom → domisko (casarão), domina (casa grande, ligeiramente pejorativo)
Substantivos abstratos: czytać (ler) → czytanie (leitura), pisać (escrever) → pisanie (escrita), pisarz (escritor)
Derivação verbal: Prefixos transformam verbos imperfeitos em perfeitos:
- pisać (escrever—imperfeito) → napisać (escrever e terminar—perfeito)
- jechać (ir/dirigir—imperfeito) → pojechać (partir—perfeito)
Sufixação para substantivos agentes: nauczać (ensinar) → nauczyciel (professor, masculino), nauczycielka (professora, feminino)
Essa produtividade permite que os falantes de polonês criem novas palavras para fenômenos modernos, mantendo a consistência morfológica.
Dialetologia
Principais Grupos Dialetais
Os dialetos poloneses são tradicionalmente agrupados em quatro variedades regionais principais, cada uma com características fonológicas, lexicais e gramaticais distintas:
| Dialeto | Região | Características Principais |
|---|---|---|
| Greater Polish | Oeste/Noroeste | Base histórica para a língua padrão; fonologia relativamente conservadora |
| Lesser Polish | Sul/Sudeste (região de Cracóvia) | Pronúncias vocálicas distintas; prestígio cultural significativo |
| Masovian | Centro/Leste (região de Varsóvia) | Forma a base do polonês padrão moderno; dialeto urbano mais amplamente reconhecido |
| Silesian | Sudoeste (Silésia) | Mais distinto; status linguístico debatido; alguns reivindicam como língua separada |
Exemplo de variação fonológica: Falantes de Greater Polish podem pronunciar y de forma diferente dos falantes de Masovian; Lesser Polish mostra diferenças na qualidade das vogais em palavras como pan (senhor, Sr.).
Variação lexical: Os dialetos empregam termos diferentes para itens comuns:
- “batata” — Padrão: ziemniak, Alguns dialetos: kartofel, frytuła
- “estar cansado” — Padrão: zmęczony, Variantes dialetais existem
Línguas Minoritárias: Silesian e Kashubian
Silesian: O status do Silesian tem sido objeto de considerável debate acadêmico e político. Alguns linguistas defendem sua classificação como uma língua separada distinta do polonês, enquanto outros a classificam como um dialeto com desvios significativos. Em 2024, o parlamento polonês aprovou uma legislação reconhecendo o Silesian como uma língua regional, refletindo desenvolvimentos culturais e políticos. No entanto, o presidente subsequentemente vetou a lei, reacendendo o debate. Silesian mantém seu próprio código ISO 639-3 (szl), indicando reconhecimento internacional de sua distinção.
Kashubian: Falado principalmente ao longo da costa do Báltico (região da Pomerânia), o Kashubian é linguisticamente mais distinto do polonês padrão do que o Silesian. Características notáveis incluem:
- Um sistema de nove vogais (comparado às seis vogais orais do polonês), com distinções fonêmicas ausentes no polonês padrão
- Ênfase fonêmica nas palavras (variação de posicionamento), ao contrário do estresse penúltimo fixo do polonês
- Inventários consonantais distintos e padrões morfológicos
- Itens lexicais únicos que refletem a cultura marítima e influências bálticas
Kashubian mantém seu próprio código ISO 639-3 (csb) e recebe proteção cultural através de políticas de línguas minoritárias. A UNESCO reconhece o Kashubian como uma língua em perigo, embora os esforços de revitalização continuem.
Dinâmicas Sociolinguísticas e Prescritivismo
A Polônia mantém uma forte tradição de prescritivismo linguístico — a crença de que certas formas de linguagem são “corretas” e outras “incorretas”, e os esforços institucionais para impor o uso padrão. As principais instituições incluem:
- Conselho da Língua Polonesa (Rada Języka Polskiego) — emite recomendações autoritativas sobre gramática, vocabulário e uso
- Corpos acadêmicos — universidades e institutos linguísticos que publicam guias normativos
- Sistema educacional — currículos padronizados que ensinam o polonês padrão como modelo
O polonês padrão é ativamente promovido através da educação e mídia, no entanto, variedades regionais e sociais persistem, particularmente em ambientes informais. Dialetos urbanos (notavelmente o dialeto de Varsóvia) foram amplamente absorvidos pelo polonês padrão através da migração populacional e da influência da mídia, embora algumas características sobrevivam na fala das gerações mais velhas e em contextos especializados.
Desafios contemporâneos: A tradição prescritivista às vezes entra em conflito com as mudanças linguísticas impulsionadas por jovens falantes, tecnologia e globalização. Continuam os debates sobre a incorporação de empréstimos do inglês, o status de novas gírias e a forma adequada de comunicação mediada pela internet.
O Polonês no Mundo Moderno
Demografia e Distribuição Global
O polonês possui aproximadamente 39,7–40 milhões de falantes nativos, com o total de falantes (incluindo usuários de segunda língua) estimado em 60 milhões ou mais. Esta base significativa de falantes coloca o polonês entre as principais línguas da Europa.
Distribuição geográfica:
- Território principal: Polônia (38 milhões de falantes)
- Países vizinhos: Comunidades significativas na Lituânia, Bielorrússia, Ucrânia e República Tcheca, totalizando aproximadamente 2-3 milhões de falantes
- Comunidades da diáspora:
- América do Norte: Estados Unidos (~3 milhões), Canadá (~350.000)
- América do Sul: Brasil, Argentina
- Europa Ocidental: Reino Unido, Alemanha, França
- Oceania: Austrália
As comunidades da diáspora polonesa mantêm diferentes graus de manutenção da língua, influenciadas por padrões de imigração, fatores geracionais e políticas linguísticas locais. Ondas de emigração mais recentes (após a adesão à UE em 2004) criaram comunidades vibrantes de falantes de polonês na Europa Ocidental, particularmente no Reino Unido, Alemanha e Irlanda.
Status Oficial e Política Linguística
Status doméstico: O polonês é a única língua oficial da Polônia, consagrada na Constituição Polonesa. A língua é o meio de educação, governo, direito e administração pública.
Status internacional: O polonês serve como uma das 24 línguas oficiais da União Europeia, com plena paridade linguística nas instituições da UE. Este status reflete a adesão da Polônia à UE desde 2004 e garante que todos os documentos da UE sejam traduzidos para o polonês.
Reconhecimento como língua minoritária: O polonês possui status de língua minoritária em:
- República Checa (Praga e regiões circundantes)
- Eslováquia (áreas de fronteira)
- Hungria (pequenas comunidades)
- Lituânia (comunidades historicamente significativas)
- Ucrânia (regiões orientais)
Instrumentos de política linguística:
- Proteções constitucionais para os direitos dos falantes de polonês
- Apoio estatal para educação em língua polonesa no exterior
- Institutos culturais (por exemplo, o Instituto Polonês/Institut Polski) que promovem a língua e cultura polonesa globalmente
- Reconhecimento pela UNESCO do polonês como parte do patrimônio linguístico da Europa
Polonês como uma Porta de Entrada para Estudos Eslavos
Para estudantes e acadêmicos, o polonês ocupa uma posição estrategicamente valiosa dentro da linguística eslava. Sua posição intermediária entre as características das línguas eslavas orientais e meridionais faz dele uma excelente ponte analítica:
- Características compartilhadas com o eslavo oriental (russo, ucraniano, bielorrusso): sistemas extensivos de casos, distinção entre verbos perfectivos/imperfectivos, inventários fonológicos semelhantes
- Características compartilhadas com o eslavo meridional (búlgaro, sérvio, etc.): certas características fonológicas, mudanças sonoras históricas
Aprender polonês abre portas para a compreensão de padrões linguísticos eslavos mais amplos e facilita a aquisição de línguas relacionadas.
Significado literário e cultural: A literatura polonesa representa uma das tradições mais ricas da Europa, abrangendo séculos:
- Renascimento: Jan Kochanowski (1530–1584), considerado o maior poeta polonês, estabeleceu o polonês como uma língua de alta literatura e expressão filosófica
- Romantismo: Adam Mickiewicz, Juliusz Słowacki, representando a identidade nacional polonesa durante períodos de partição estrangeira
- Século 20: Múltiplos laureados com o Prêmio Nobel de Literatura:
- Wisława Szymborska (1996) — poesia filosófica; mestre da ironia e precisão intelectual
- Czesław Miłosz (1980) — poeta, ensaísta e filósofo; cronista da história europeia do século 20
- Henryk Sienkiewicz (1905) — romancista histórico cujas obras continuam a ser amadas mundialmente
O acesso a essas tradições literárias através da leitura em língua polonesa proporciona encontros diretos com algumas das mais finas realizações intelectuais e artísticas da Europa.
Conclusão
O polonês é uma língua complexa e gratificante que encapsula a história, cultura e sofisticação linguística da Europa Central. Seu sistema morfológico intricado—com sete casos, distinções aspectuais de verbos e rica morfologia derivacional—reflete séculos de evolução linguística moldada pelo contato com o alemão, latim, francês e outras línguas, enquanto mantém um núcleo eslavo forte.
A fonologia sofisticada da língua, com consoantes palatalizadas e um sistema de acentuação distintivo, contribui para seu som característico. Sua sintaxe flexível, possibilitada pela marcação de casos, permite uma ordenação de palavras elegante e expressiva que serve a estrutura da informação e propósitos estilísticos.
O polonês contemporâneo enfrenta tanto desafios tradicionais (nivelamento de dialetos, prescritivismo linguístico) quanto modernos (mudança tecnológica rápida, integração de empréstimos linguísticos, alternância de código em contextos multilíngues). No entanto, a língua permanece vibrante, adaptativa e dinâmica—falada por milhões, estudada mundialmente e enriquecida por contribuições literárias e intelectuais contínuas.
Para os aprendizes, o polonês oferece não apenas complexidade gramatical, mas um portal para a linguística eslava, a história da Europa Central e um patrimônio literário profundo que se estende desde manuscritos medievais até vencedores contemporâneos do Prêmio Nobel. Para os linguistas, o polonês fornece um terreno fértil para explorar questões de contato linguístico, padronização, dinâmica de dialetos e a relação entre estrutura linguística e identidade cultural.
Uma compreensão aprofundada do polonês—sua fonologia, morfologia, sintaxe e sociolinguística—amplia a competência linguística de forma abrangente e abre portas para a riqueza cultural da Polônia e sua diáspora global. Através do polonês, o mundo mais amplo das línguas eslavas, da história da Europa Central e da diversidade cultural europeia torna-se mais plenamente acessível e inteligível.
Referências para Estudo Adicional
- Comrie, Bernard, & Corbett, Greville G. (eds.). The Slavonic Languages. Oxford University Press.
- Klemensiewicz, Zbigniew. Historia języka polskiego. Państwowe Wydawnictwo Naukowe.
- Łoś, Jan, & Kuraszkiewicz, Władimir. Foneyka i morfologia języka polskiego.
- Swan, Oscar E. First Year Polish. Columbia University Press.
- Wróbel, Henryk. Gramatyka języka polskiego. Wydawnictwo RM.
- Online Polish Translator: https://openl.io/translate/polish
- Polish Language Council official resources: https://www.rjp.pan.pl/


